Portfolio Ilustre Samba
- Roberta De Freitas
- 30 de jun. de 2023
- 4 min de leitura

O samba é meu dom
É no samba que eu vivo
Do samba é que eu ganho o meu pão...
Sempre gostei desses versos de Wilson das Neves. Certamente pela graça de poder tirar onda de que vivo do samba, mesmo não sendo músico...e mesmo não sendo (talvez, ainda) uma verdade... Mas prestes a completar um ano desde que criei o site Ilustre Samba, e publiquei as primeiras postagens no dia 11 de julho, devo dizer que o samba já vinha me chamando muitos anos antes e essa história vem de longe. E, curiosamente, essa história começou em uma cidade onde o samba estava longe de ser uma tradição. Mas vamos aos projetos...um de cada vez.
1) De Volta ao samba.








Eu que sempre gostei de sambas tradicionais, teria sentido uma saudade imensa quando, depois de formado, fui morar em Goiânia, onde vivi por cinco anos, entre 2002 e 2007. Mas logo descobri algumas rodas por lá e, como sempre, fiz amizade com os músicos. Uma delas era o "De Volta ao samba", com um repertório muito bem pesquisado e músicas de épocas diferentes. O nome era também bastante sugestivo dentro da minha história de carioca "exilado". Quando gravaram o primeiro CD, "Um pé aqui, outro no samba", por volta de 2007, me chamaram para cuidar da capa e do encarte, que fiz com imenso prazer. Foi um trabalho que comecei em Goiânia e continuei depois que mudei pro Rio. Acabei fazendo uma ilustração para capa, outra pra contra-capa e para cada uma das 10 faixas, que misturava composições dos mais diversos gênios do gênero, de Ismael Silva e Ary Barroso a Chico Buarque. Fiz a capa em aquarela inspirada em fotos do grupo. Já nas ilustrações do encarte, fiz todas com lápis de cor e retoques à caneta nanquim e a cada música, fazia representações de diferentes integrantes do grupo.
Infelizmente, os arquivos com o layout interno foram corrompidos e não tenho mais o layout como foi publicado, nem me restou exemplares do CD, mas por sorte, os arquivos com as ilustrações foram preservados e eu só adicionei os nomes das músicas.
"Essa gente bamba" e "Mel com alho no café" eram músicas de compositores goianos que, infelizmente, não me lembro do nome. Além dessas, trago aqui "Faceira", de Ary Barroso, "Rosa Maria", de Aníbal da Silva e Eden Silva, "Rumo dos ventos", de Paulinho da Viola, e "Ninguém tem que achar ruim", de Ismael Silva.
2) Bula da Cumbuca





Já de volta ao Rio, em 2009, meu irmão Celso Taddei, roteirista, dramaturgo e ator, criou um espetáculo que era um pocket show ideal para casas noturnas e foi encenado justamente em dois dos redutos de samba que eu frequentava dez anos antes, na renascimento da Lapa: o Bar da Ladeira e o Centro Cultural Carioca. A narrativa girava em torno de um grupo de músicos-atores que, em uma hora, contavam uma "história acelerada do samba". Fiz todo o material gráfico de divulgação: banner, filipeta, caixinhas de fósforo, descanso de copo, com uma ilustração de um típico malandro sambista, inspirado nos desenhos do mestre Lan. Combinei as ilustrações com um cenário composto por fotografia de azulejos (eu havia fotografado os azulejos de uma floricultura que havia na esquina da Rua Barata Ribeiro com a Inhangá) e daqueles quadros de avisos em botequins. O espetáculo tinha direção de Marcos Trigo e o elenco contava com o Celso, a cantora Patrícia Mellody, Gláucio Gomes, Junior de Oliveira, Marcelo Sant'anna, Leonardo Pereira e Guilherme Dizzy.
3) Samba do Trabalhador








Em 2016, o Samba do Trabalhador iria gravar um novo CD e um DVD. Aproveitando a ocasião, meu amigo percussionista Júnior de Oliveira, que eu havia conhecido na época do Bula, quando ele trabalhava como ator, teve a ideia de mandar imprimir na pele de seus instrumentos, a caricatura dele e de seus companheiros de percussão na roda comandada por Moacyr Luz: Mingo Silva, Negro Álvaro e Nilson Visual. As ilustrações impressas nos instrumentos aparecem várias vezes no DVD, algumas delas bem de perto.
4) A Jornada do Valente.

Quando eu comecei a expor meus trabalhos sobre samba na Feira do Lavradio, fui conquistando alguns fregueses fiéis e ainda tive a oportunidade de fazer um trabalho que ainda não havia feito. O jovem diretor Rodrigo de Janeiro estava lançando um curta-metragem em homenagem a Assis Valente e me encomendou a ilustração, inspirada em uma passagem poética do seu filme, com a imagem do pandeiro pegando fogo. O retrato foi inspirado no ator Wilson Rabelo, que interpretava Valente, não no compositor. Ilustração foi feita com lápis de cor e canetas nanquim e dual brush.
5) Bossa Finade.






Também na Feira do Lavradio, conheci um simpático casal de músicos franceses, Thierry e Marlo, que compraram uma aquarela de uma roda de samba na Pedra do Sal. Tempos depois, eu recebia a encomenda para uma ilustração do conjunto que eles comandavam na cidade de Rouen. O Bossa Finade tem repertório todo dedicado à música brasileira e eles queriam uma imagem do conjunto tocando no café onde eles costumam se apresentar. Além da ilustração principal, eles me encomendaram também, retratos de cada um dos quatro integrantes do conjunto, a lápis de cor sobre papel acinzentado.
Hoje a ilustração está na página de abertura do site deles.
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